terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

HABITAR A AFRICA

Habitar: "Ocupar como residência, residir, morar, viver em". Esta é a definição do verbo no dicionário Aurélio de lingua portuguesa. Nas cidades da Africa Austral, a definição não poderia ser mais exata. Em Maputo (Moçambique), prédios foram tomados pelos habitantes do país assim que os portugueses deixaram a cidade após a Independencia. Hoje com mais de dois milhões de habitantes, a malha urbana ainda sofre as consequencias desta ocupação desordenada. A preservação de alguns edificios está comprometida pois grande parte de seus habitantes cuidam apenas da unidade que ocupam. O objetivo do condomínio,  zelar pelo coletivo, ainda não está totalmente resolvida.
O antigo e o novo convivem e disputam a atenção em Long Street, Cape Town - Africa do Sul. A influência holandesa nos predios mais antigos é forte na cidade. O moderno vem ao seu encalço, às vezes não tão belo, mas impondo sua presença.

Na aldeia Swazi, as casas são feitas de galhos curvados, folhas de palmeiras secas amarrados externamente com cordas formando uma rede de proteção. Uma pequena abertura serve de acesso ao interior.
Independente do calor que faz lá fora, o interior é sempre agradavel. A sustentação é feita por varios galhos amarrados formando uma espécie de viga natural.  A cobertura é posteriormente amarrada à elas.
Projetada em 1892 por Gustave Eiffel (sim, o mesmo que dá nome a famosa torre na capital parisiense), a Casa de Ferro foi concluída em 1894 para ser moradia do Governador de Moçambique. Por ser totalmente em ferro e estar num país de clima quente, nunca chegou a ser ocupada com este objetivo. Hoje abriga a Direção Nacional do Patrimonio Cultural.
Vizinho ao Kruger, Marloth Park é um condominio de lodges onde as construções obedecem o critério de ficarem camufladas na reserva. A cobertura de Thatch Grass (uma espécie de palha como a nossa piaçava) mantem o interior fresco, com pé direito altíssimo. As paredes externas são em tijolos escuros e todas as janelas possuem grades (a segurança aqui é para manter afastados animais que vem a procura de comida).
A estrutura interna do telhado não tem outro revestimento a não ser as fibras. Todo suporte é feito por vigas de madeiras nativas da região e a casa toda foi erguida pelo proprietário.
Amancio d'Alpoim Miranda Guedes, mais conhecido como Pancho Guedes, viveu em Maputo até a independencia do país. Esta construção, conhecida como o leão que ri, foi uma criação totalmente livre do arquiteto, já que ele era o proprietario do terreno.


          
















Com traços que nos remetem a  Gaudi, este guarda-corpo é imaginação pura. Elementos geométircos formam o gradil que fazem o fechamento do primeiro lance da escada, que neste ponto tem pé direito duplo.
 Exemplo de arquitetura sustentavel, este corredor de um centro de apoio dentro do Kruger Park utiliza troncos de árvores (provavelmente derrubadas por elefantes) para servirem de colunas desta passarela com cobertura tbem de galhos.
Outro exemplo de preocupação com o meio ambiente, este tapete feito com tiras de pneus velhos trançadas oferecem segurança na área de entrada dos banheiros públicos em um centro de artesanato na Suazilândia.
Para este pinguim africano, o problema de moradia está resolvido. Protegidos numa reserva na praia de Boulders, proximo ao Cabo da Boa Esperança na Africa do Sul, os animais tem casas garantidas, feitas de fibra e resina e colocadas na areia junto ao mar. Para os humanos, apenas é permitido a observação sobre o deck elevado de madeira que corta toda esta area.
Já as aranhas formam um condominio nos arbustos da savana do Kruger Park. Centenas delas juntam-se num ninho coletivo aumentado assim as chances de sobreviverem quando eclodirem os ovos.
Construidos para abrigar os filhos dos detentos, os dormitorios  deste alojamento em Robbeneiland (Africa do Sul) eram,  comparativamente, menores que os abrigos usados pelos cães da guarda do presídio.
Outro projeto de Pancho Guedes na capital Moçambicana, esta residencia é atualmente ocupada por uma instituição canadense. O que mais chama a atenção é o patamar intermediario da escada, em laje de concreto, totalmente suspenso por tirantes de aço presos ao teto e ao solo.
Cidade pequena que vive da pesca proxima a Cape Town, Hout Bay localiza-se numa baia  fechada, onde baleias passeiam com seus filhotes na epoca de amamentação por ser considerada segura pelos mamíferos. A ocupação do local estava dentro da normalidade, até que um grande grupo comprou uma  parcela das terras para instalação de um resort. A comunidade vive agora um boom imobiliario que inflacionou a vida dos moradores.
O distrito de Mafalala é tão antigo quanto Lourenço Marques, ex nome da capital de Moçambique, Maputo. Na época colonial, os portugueses traçaram no mapa da cidade um semi-circulo, uma linha imaginária que dividia a cidade entre brancos e não brancos. Mafalala era o local onde quem não era branco podia morar, desde que em casas de chapas de zinco. O motivo? Casas de chapa eram  faceis de desmontar a cada nova expansão dos territorios  ocupados pelos brancos. Por significar um simbolo de resistência, uma associação de jovens estudantes da  Faculdade de Turismo montou um tour pelo bairro e explicam a importancia historica do lugar nos acontecimentos recentes do pais.
 Camuflada na vegetação, esta construção de um posto turístico fica apoiada em vigas de madeira. Situada na encosta de uma formação rochosa, é ponto de observação de uma hidroelétrica na Suazilândia, quase fronteira com a Africa do Sul.
Toda a construção é circundada por uma pérgula feita de estreitos caules de arvores para filtrar a incidência da luz solar.
Como possui uma estreita faixa de areia e encosta acidentada, Maputo parece um observador das aguas do Indico. Passeios no fim de tarde, tomar um café contemplando o por do sol com amigos que escolheram este trecho do planeta para habitar.... sem palavras!

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